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desaconselhada a todos aqueles que não tenham uma caneca de cerveja (fresca e biba) na mão!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Away again...

Olá Cucas do meu pequeno mas imenso coração!

Como dá para ver pelo título e como vocês sabem, estou outra vez longe, em Itália, em Nápoles que é, como aqui se diz, o "paese dell sole". Ontem acordei ainda aí, por volta das 5:30 da manhã e antes das 7 horas já estava no aeroporto Francisco Sá Carneiro, pronta para me ir embora. Lá fiz o check-in e passei a porta de embarque, sozinha mais uma vez. E digo isto não com muita satisfação porque, talvez fosse por estar em período pré menstrual, foi horrível o tempo que se seguiu. Eu sabia, como sei agora, que esta estadia é só por menos de duas semanas, mas é difícil deixar-vos para trás, deixar os meus pais e o meu avô a chorar outra vez (mesmo agora que já passou, as lágrimas esforçam-se por sair e eu esforço-me por conte-las) e, devido a essa dificuldade e ao meu calendário menstrual, acompanhada apenas pelas músicas dos Abba que levava no mp3 e que me fazem lembrar tanto de vocês (ou de nós), passei todo o tempo de viagem numa luta constante para não deixar cair lágrimas. Nem sempre consegui vencer...

No Porto, a altura de embarcar foi anunciada na porta 31 com a aproximação de um pequeno avião da PGA. Era um Fokker 100 e não foi bonito! Sempre que tiverem de andar de avião, prefiram os maiores! (e para outras coisas também XD) A descolagem e a viagem no geral não foi má. dado o tamanho do aparelho mas, quando começamos a descer para Roma a pressão nos ouvidos causou, a mim e a 80% das pessoas a bordo, uma dor insuportável. Ao meu lado ficou um casal do Porto, muito simpáticos! A senhora viu logo que alguma coisa não estava bem comigo, mas não perguntou logo. No início, diz que pensou que eu tivesse medo de voar, mas quando lá me perguntou se estava tudo bem expliquei-lhe que não era nada de especial, estava só emotiva por deixar a minha casa e as minhas pessoas outra vez. Mas, como eu não conseguia mostrar, não devia estar tão triste porque desta vez eram só uns dias. E para quem já cá esteve tão mais tempo, não devia ser problema nenhum. Mas a senhora não concordou e disse que eu tinha razão para estar triste, e isso só significava o quanto as pessoas que deixei são importantes para mim. Claro que, para uma pessoa da minha idade é fantástico ir para outro país, aprender outra língua, conhecer outras pessoas, outros lugares, outra cultura... mas, sentir falta do que se deixa para trás é sinal de que o que eu sou só faz sentido com isso que deixo e que não quero perder. Foi boa a conversa. Ajudou-me a distrair do desconforto do voo e eu expliquei à senhora todo o percurso que se faz para escalar a hierarquia académica. Isto porque a senhora viu o meu anel de curso no dedo e pediu-me para lhe explicar. estava muito surpreendida com o meu percurso pessoal e disse-me que eu devia valorizar muito a minha experiência, porque era, de facto muito valiosa...

Lá chegamos a Roma! O tempo estava encoberto e frio, como em Portugal. Apanhei o comboio para Roma Termini e de lá, para Napoli. Na estação de Roma tive ainda tempo de comer qualquer coisa e tomar um café antes do Inter Cità para a minha cidade. Na minha carruagem ia um moço que, de certo, não pesava menos de 150 kg e o ressonar dele era mais estrondoso que o barulho metálico do comboio! Felizmente, saiu numa das paragens ainda antes do meio da viagem. Pouco depois entrou um senhor de Nápoles, com quem fui à conversa até ao final da viagem, dado que ele também saiu em Nápoles. Gostei muito de falar com o senhor. Devia ter mais ou menos a mesma idade do meu pai e, pelo que dizia da cidade e dos napolitanos, também se parecia com ele. Ficou muito surpreendido por eu ter vindo sem conhecer ninguém e elogiou imenso o meu italiano aprendido a martelo! lol

Num ápice, assim que saí do comboio em Napoli Centrale, apanhei o Metro até Mergelina e, de lá, o C12 até casa.

E pronto, já estava instalada. Naquele sítio que foi a minha casa, na minha cidade, nestes últimos meses e por mais duas semanas. Olhar para esta cidade, já anoitecida quando cheguei, fez-me lembrar que não é duro o tempo aqui, é só um tempo para apreciar e deixar-me levar pelo ritmo frenético das vespas a acelerar serpenteando o trânsito, ou pelos pregões destes vendedores de rua que, cada dia trazem uma novidade para se gastar mais uns trocos... e, sempre que achar que isto é pressa a mais, vou dar uma volta pela Via Partenope, olhar para Capri e para o Vesúvio, que estão lá no mesmo sítio há milhoes de anos e que inspiraram já tanta coisa!

É verdade o que vos disse quanto a sentir-vos diferentes, mas é normal. Não quero que se preocupem com isso. Tudo muda, não há nada estável e eu não vou tentar mudar nada. Vou só gostar de vocês da mesma maneira, sem pressas e sem condições. Só porque sim, e porque não sei fazer de outra maneira!

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